Dono do BRKsEDU dá dicas para apostar no YouTube
Dono do BRKsEDU dá dicas para apostar no YouTube
Por Rodrigo Loureiro
Ganhar dinheiro jogando videogame e morando em Hamilton, no Canadá. Essa é a vida do paulistano Eduardo Benvenuti que, aos 29 anos, é proprietário do BRKsEDU. O canal do YouTube é focado em jogos e tem mais de 3,7 milhões de inscritos, além de quase 530 milhões de visualizações. A Revista W entrevistou o YouTuber para desvendar detalhes de sua profissão. Simpático e com bom papo, Benvenuti deu dicas para quem quer se dar bem na área e ainda aproveitou para alfinetar quem ainda não acredita no potencial de lucro da plataforma.
Revista W: Como surgiu a ideia de fazer um canal de games no YouTube?
Eduardo Benvenuti: Eu era analista financeiro de uma empresa de São Paulo e estava esperando uma transferência de trabalho para Dallas, no Estados Unidos, e já havia até trancado a faculdade. Na época, estava jogando muito Call of Duty e procurei no site alguns vídeos do jogo. Acabei encontrando um bom material em canais estrangeiros. Foi então que pensei: “Por que eu não faço isso em português? Pode ser divertido”. Eu não tinha grana para investir, então comprei uma placa de captura por US$ 7 no Deal Extreme e um kit com dois microfones e um jogo da Hannah Montana que veio da Inglaterra.
W: Você esperava que pudesse obter tanto sucesso?
EB: Nunca! Quando comecei, queria ver se alguém ia assistir e nem pensava muito em público. Na época, ninguém tinha a menor ideia de que era possível ganhar público e dinheiro com isso.
W: Por que seu canal deu certo? E no que ele se diferencia da concorrência atualmente?
EB: Eu fui um dos pioneiros. Tive tempo para ganhar experiência e para errar. Hoje, acho que qualidade de áudio e de vídeo é primordial. É isso que torna algo sustentável em longo prazo. Qualidade de informação é primordial também. E é necessário ser carismático, um bom comunicador. Os canais que se destacam hoje trabalham forte nesses três pontos.
W: Quando você percebeu que o canal podia se tornar rentável?
EB: Quando ele estava crescendo, vi que daria para ganhar dinheiro, algo em torno de US$ 200 para pagar meus jogos. O primeiro pagamento veio cerca de nove meses depois do canal ser lançado. Na época, havia firmado uma parceria com a Machinima, a maior network de games até então. Ela iria intermediar meu relacionamento com o YouTube. Recebi cerca de US$ 700. O segundo cheque foi ainda mais recheado: quase US$ 2 mil.
W: Como você decidiu viver apenas do YouTube?
EB: Tomei essa decisão em outubro de 2011, pois estava um pouco frustrado com minha carreira, que estava estagnada, já que não ganhava bem trabalhando com importação e exportação e minha transferência para Dallas, nos Estados Unidos, estava demorando muito. Nessa época, eu já tinha recebido dois pagamentos e visto quanto iria ganhar na terceira e na quarta parcelas do YouTube. Já tinha um dinheiro guardado e vi que daria para morar no Canadá por um ano e quatro meses, tempo que levaria para me formar em um curso de marketing. Mas foi só na metade de 2013 que eu percebi que daria para viver apenas do canal. Só que até hoje ainda tenho uma renda fora do YouTube.
W: Como você ganha dinheiro com o YouTube?
EB: De várias maneiras. A principal é o próprio CPM (custo por mil impressões) da rede social. É um valor recebido por publicidades exibidas no canal. Há uma distribuição de lucros, na qual 55% fica para o usuário e 45% para o Google. Isso se refere tanto àqueles anúncios que rolam antes (pre-roll ad) como aos que aparecem depois (post-roll ad). O banner no canto superior direito (display ad) ou na parte inferior do vídeo também rende. Há também as propagandas em que o usuário precisa interagir com o anúncio para poder faturar.
W: Além desses mecanismos do próprio YouTube, você usa alguma outra forma de ganhar dinheiro com o canal?
EB: Sim. É possível obter lucro com um vídeo patrocinado por alguma empresa, por exemplo. Eu fiz um para a Warner Games Brasil. Contratei uma maquiadora profissional para me “transformar” em um zumbi na ação promocional de lançamento do novo (game) Resident Evil. Também já dirigi uma McLaren de rua para a publicidade do jogo The Crew, da Ubisoft. Nesses casos, eu recebo o pagamento diretamente da empresa contratante.
W: Você tem uma equipe que ajuda a administrar o canal?
EB: Sim. Primeiramente, fui apresentado a uma agência com foco comercial para ajudar a fechar publicidade, pois sou bonzinho e isso pode gerar conflito de interesses na hora de negociar. Depois contratei o Pedro Vasconcellos, um amigo que mora aqui no Canadá, que é jornalista, fotógrafo e também me auxilia nas gravações e edições. Eu pretendo expandir e contratar um editor em período integral, pois isso vai aumentar a qualidade dos vídeos, gerar ainda mais dinheiro e mais exposição para a minha marca.
W: Como você vê o mercado brasileiro para o YouTuber?
EB: Estamos em um estágio inicial. Muitas agências têm um grande orçamento de publicidade na mão e não entendem ainda como fazer publicidade no YouTube. Consideram que não é mensurável, o que é uma inverdade. Existe também a falta de profissionalismo do próprio YouTuber, como usuários que fazem vídeos falando mal dos outros, que não têm muita integridade. Isso, no geral, desvaloriza a área.
W: Que dicas você daria para quem quer começar nessa área? Os equipamentos são caros?
EB: Eu já gastei US$ 15 mil em equipamentos, sem contar consoles e jogos. Mas não precisa de dinheiro para começar. Uma placa de captura muito boa custa em torno R$ 700 e um microfone bom pode ser encontrado por R$ 200. Isso já faz grande diferença na qualidade de áudio e vídeo. Também vale entender o YouTube como plataforma, ou seja, como fazer um vídeo ser recomendado, que tags usar, como reter o público. É preciso amar o que se faz, mesmo porque dá trabalho e, hoje em dia, não rola abrir um canal de qualquer jeito e esperar o resultado.
W: O que o futuro reserva para Eduardo Benvenuti e o canal BRKsEDU?
EB: Vou continuar investindo na qualidade do canal. Além disso, pretendo estar mais presente em eventos menores ou de grande porte, como a Brasil Game Show (BGS) e a Arena X5, pois sou extremamente grato aos que me assistem e essa é uma maneira de estar mais perto deles.
Fonte: Revista W