O Galaxy leva a mágica da IA para a vida das pessoas, diz VP da Samsung
O Galaxy leva a mágica da IA para a vida das pessoas, diz VP da Samsung
Gustavo Assunção lidera a divisão de dispositivos móveis no Brasil (Foto: Divulgação/Samsung)
A Samsung quer fazer barulho com a chegada do Galaxy AI – tanto que o investimento no lançamento do Galaxy S24 será 25% maior do que no Galaxy S23. A informação foi revelada por Gustavo Assunção, o vice-presidente de dispositivos móveis, num bate-papo com o Tecnoblog. Eu o entrevistei por cerca de uma hora, para entender como pensa um dos principais nomes do mercado de smartphones do Brasil.
A linha do Galaxy S24 foi anunciada nesta quarta-feira (dia 17) com preços no Brasil a partir de R$ 5.999. Gustavo reflete sobre a aposta na IA: “tiramos a fricção, pois era algo muito fragmentado e agora entregamos um produto pronto para o consumidor”. Ele afirma que as novas ferramentas de inteligência artificial precisam ser simples para que as pessoas possam adotá-las no dia a dia. A meta da gigante sul-coreana é democratizá-las.
O executivo fala dos bastidores da chegada do produto, com direito a perguntas sobre temas controversos, como o chip Exynos e o corpo de titânio. Gustavo se mostra animado com a trajetória da linha Galaxy S, que, segundo ele, é amada pelos consumidores. Ele também projeta crescimento “de dois dígitos” em 2024.
Confira a entrevista nas linhas a seguir. As falas foram editadas para fins de clareza e brevidade.
O lançamento do Galaxy AI
Galaxy AI: botão de gerar conteúdo está presente no S24 (Imagem: Thássius Veloso/Tecnoblog)
Thássius Veloso (Tecnoblog) – Qual vai ser a estratégia da Samsung para promover algo que me parece ser mais software do que hardware na parte da inteligência artificial?
Gustavo Assunção (Samsung) – O Galaxy S24 é apenas o primeiro produto da Samsung com esta tecnologia. Nós temos a clara intenção de expadir o Galaxy AI para outros smartphones. Serão dois ou três, provavelmente no segundo semestre. Queremos prestigiar as pessoas que compraram gerações anteriores do Galaxy. Para isso, os telefones precisam ter o devido poder de processamento.
O Galaxy AI vai ser gratuito ou pago?
Totalmente gratuito. A gente não tem previsão de cobrar pela plataforma, seja no curto, médio ou longo prazo. Queremos democratizar o acesso à inteligência artificial, e por isso oferecemos o Galaxy AI de graça para os nossos consumidores.
Eu pergunto isso porque o ChatGPT tem uma modalidade mais sofisticada que requer assinatura. Algumas partes do Microsoft Copilot também. Como a Samsung vai bancar a IA de graça enquanto os outros cobram? Essa conta não tá fechando.
Eu não posso falar dessas empresas, até porque não conheço os modelos de negócios delas. Mas asseguro que não temos nenhuma intenção de cobrança pelo Galaxy AI. A nossa intenção aqui é de ser a marca inovadora que trouxe a inteligência artificial para os dispositivos móveis. Naturalmente que também queremos trazer novos usuários para a plataforma Galaxy.
Galaxy AI pode formatar texto para você (Foto: Thássius Veloso/Tecnoblog)
O que você, enquanto pessoa de negócios, tem usado de inteligência artificial?
A gente viu a mágica da inteligência artificial com o ChatGPT. Eu comecei a pagar a assinatura logo no lançamento e usei por um tempo. Hoje em dia uso bem pouco, mas passei a me interessar mais pelo assunto. Muita gente estuda e fala disso, mas ainda não tem uma aplicação específica que mude a nossa vida. Estamos vivendo o início de algo maior que está por vir. Acredito que a IA é diferente do metaverso, que foi hype há alguns anos. O Galaxy AI traz benefícios reais para o consumidor.
Chip Exynos e chegada ao Brasil
O Galaxy S24 e o Galaxy S24 Plus usam o processador Exynos 2400, da própria Samsung, enquanto o Galaxy S24 Ultra tem Snapdragon 8 Gen 3, da Qualcomm. Sempre dá polêmica quando a gente fala do Exynos. Então pergunto: por que este chip? A Samsung está preparada para as críticas?
A escolha do processador obedece a alguns aspectos maiores do que somente o negócio de smartphones. Nós levamos em consideração a disponibilidade de chips, a nossa visão para o Exynos e os testes de desempenho nas redes de telefonia de cada país. Entendemos que, no caso do Brasil, poderíamos trazer o Snapdragon no Ultra e o recém-lançado Exynos 2400 nas versões básica e Plus. Recentemente lançamos o Galaxy S23 FE também com Exynos e vimos pela imprensa especializada que ele tem performance muito melhor. A Samsung não faria esse movimento se não estivesse muito confiante no que está oferecendo.
Como será a chegada do S24 ao Brasil? Haverá espera em relação aos Estados Unidos?
Novamente temos um lançamento no Brasil simultâneo ao global. Os produtos estão nas lojas desde quarta-feira (dia 17/01), para que as pessoas possam conhecê-lo melhor. Também estão nas operadoras, em parceiros comerciais e no varejo em geral. A nossa pré-venda oferece o dobro de memória pelo mesmo preço. É a mesma oferta que tivemos no S23 e foi muito bem aceita. Também daremos o que chamamos de boost no trade-in. A Samsung aumenta o valor residual do aparelho antigo durante as três semanas de pré-venda. Ou seja, o smartphone atual passa a valer mais na troca pelo S24.
Por que a estratégia do armazenamento em dobro foi tão bem sucedida?
Os nossos dados internos mostram que as pessoas usam muito armazenamento do aparelho, por mais que tenham acesso à nuvem. Isso tem a ver com jogos, música, streaming. Ainda existia dúvida se a estratégia traria valor para o consumidor, mas os resultados de 2023 mostraram que sim. Temos total confiança de que seremos novamente vitoriosos neste ano.
Smartwatch de brinde? Não
Mas Gustavo, até aí eu não vejo nada de novo em relação ao ano passado. Cadê a inovação nessa parte?
Nós fizemos um trabalho importante com as operadoras para oferecer planos específicos para quem quer o Galaxy S24, até porque alguns serviços do Galaxy AI usam a rede de telefonia. Eles também são nossos sócios no processo de comunicação da chegada do S24. Teremos ofertas especiais na nossa loja própria, desta vez em conjunto com outros dispositivos do ecossistema Galaxy, como os fones de ouvido.
Galaxy Watch 6, lançamento de 2023 (Imagem: Thássius Veloso/Tecnoblog)
Vocês vão dar relógio de brinde?
Não faremos isso. É algo que eu te contei em outra entrevista e provou ser a estratégia correta. Tivemos um resultado muito bacana com o Galaxy Watch 6 em 2023. Nós recuperamos o negócio de smartwatches no Brasil. Vimos que as pessoas veem valor e estão dispostas a pagar pelo relógio.
Você disse que “recuperou”. Então a situação estava ruim?
A gente vinha de uma situação em que o smartwatch era usado como brinde, o que naturalmente leva a uma perda de valor deste produto. Isso foi resolvido. O Galaxy Watch 6 vendeu cerca de três vezes mais do que o Watch 5. Ele foi comercializado desde o começo, sem ser dado de graça na compra do Galaxy S23. A Samsung tem a vocação de oferecer um ecossistema completo de produtos tecnológicos.
Os smartphones estão todos iguais?
Eu já te perguntei se os celulares estavam todos iguais e você disse que não era bem assim. Agora eu fiquei muito impressionado com o que vi de Galaxy AI porque a impressão é de que essa nova inteligência está na ponta dos seus dedos. Você diria que é uma virada de página?
Sem dúvida nenhuma. Acho que é importante voltar um pouquinho e reconhecer que a inteligência artificial não é algo novo. Ela já está na nossa vida e você sabe muito bem disso. Vários dos nossos aparelhos têm otimização de bateria, por exemplo, mas isso era invisível para o consumidor. A Samsung entendeu que a IA precisa ser simples para o usuário. O Galaxy AI é exatamente assim: fácil de usar e seguro. A gente se preocupou para que as pessoas possam ter a mágica da inteligência artificial no dia a dia delas.
Como fica a privacidade? O Galaxy AI tem acesso às mensagens das pessoas no WhatsApp, às fotos e muito mais. Existe o receio de que estes dados sejam repassados a terceiros.
A pauta da privacidade e da segurança é um pilar para a Samsung enquanto corporação. Permeia todo o negócio, independentemente de ser Galaxy AI ou não. Nesse novo serviço nós usamos criptografia de ponta a ponta. Já as ferramentas de tradução não aprendem com o que é dito pelo usuário porque rodam dentro do dispositivo. Nós estamos tomando todas as medidas possíveis para deixar o usuário confortável com relação a isso.
A Samsung divulgou o compromisso de atualizar o Android do S24 por sete anos. Ou seja, ele sai com o Android 14 e terá, lá na frente, o Android 21. Como vocês podem ter certeza de que um smartphone de 2024 será capaz de rodar um sistema que ainda nem existe, que não tem como saber o quão pesado será?
Nossa intenção é assegurar que o usuário Samsung que optou pela compra de um S24 receba atualizações, esteja sempre seguro e apto a usar todos os recursos disponíveis. Isso naturalmente aumenta o valor do produto. Hoje existe o mercado de economia circular, em que o aparelho antigo é parte do pagamento do aparelho novo. A Samsung está muito atenta a este novo comportamento. Por isso trabalhamos para aumentar a longevidade do aparelho. O cliente tira máximo proveito por mais tempo e isso aumenta o valor de ter um Galaxy S24.
Celular de titânio e a disputa com a Apple
Galaxy S24 Ultra tem quatro câmeras traseiras, duas delas teleobjetivas de 3x e 5x (Foto: Thássius Veloso/Tecnoblog)
A gente entra numa característica que me chamou a atenção: a carcaça de titânio no Galaxy S24 Ultra. A Apple fez exatamente o mesmo com o iPhone 15 Pro e o Pro Max há alguns meses. Por que a Samsung decidiu por este caminho?
A Samsung tem um pipeline próprio de pesquisa e desenvolvimento. Isso já estava previsto muito antes do nosso concorrente fazer. Não teria como mudar o projeto em poucos meses.
Fiquei curioso em saber o quão antes. Como é o processo de criação de um novo celular?
Toda a parte de R&D começa cerca de dois anos antes do lançamento final. Hoje mesmo nós estamos conversando um pouco sobre os recursos do flagship de 2025.
Pergunto isso porque o consumidor não sabe como funciona. Às vezes ele acha que a Apple fez algo e que a Samsung repetiu logo em seguida.
Exatamente, é impossível fazer isso. O titânio é muito importante porque dá mais durabilidade ao produto. No entanto, nosso principal diferencial é a inovação que o Galaxy AI traz ao mercado móvel.
Tá muito nítido que vocês estão jogando junto com o Google na parte de busca na web. E a Microsoft?
O Galaxy AI é fruto de uma colaboração dessas três empresas. Acho que muita coisa vai acontecer ao longo dos próximos anos. A Samsung sempre tem uma postura de colaboração aberta com esses parceiros. O Galaxy AI também permeará os laptops, e aqui entra um contato importante com a Microsoft. Essa colaboração extrapola os smartphones.
Galaxy S é amado pelos consumidores
Aparelhos da linha Galaxy S24 saem da caixa com Android 14 e One UI 6.1 (Foto: Thássius Veloso/Tecnoblog)
Eu queria entrar num tema mais abrangente: a marca Samsung. Hoje em dia, quando a gente pensa nas caixinhas em que as marcas são colocadas, todo mundo fica tentando ser uma love brand – o consumidor quer ter tudo daquela empresa e muitas vezes não se importa com a ficha técnica. O que vocês fazem para entrar nessa categoria de love brand?
A Samsung tem uma abordagem mais democrática do que as outras empresas de tecnologia porque estamos em várias categorias de produtos. Portanto, há o ônus e o bônus de ser uma marca mainstream. Quando estudamos os cases do mercado, vemos que marcas abastadas abrem mão de consumidores para serem amadas. Nós queremos atender a todos. Fazemos muita pesquisa e temos o entendimento de que a Samsung é amada pelos consumidores de Galaxy S. O índice de retenção é muito alto. Só não posso te abrir os dados porque são estratégicos, mas sabemos que os usuários do Galaxy S Ultra costumam migrar para um novo Ultra de tempos em tempos.
Então você acha que as pessoas desejam o Galaxy S, às vezes sem se importar tanto com especificações técnicas, mas pelo estilo de vida?
Sim. Um exemplo: pessoas que querem a liberdade de um sistema operacional aberto. Elas encontram isso no aparelho da Samsung. Temos os recursos mais robustos do mercado, o melhor design, e agora a inteligência artificial.
Os clientes de Galaxy S trocam de aparelho com que frequência?
Eu diria que os usuários de Ultra fazem isso a cada dois anos, eventualmente até um ano e meio. A gente percebe que o ciclo de troca está se estendendo, caminhando para os três anos. Iniciativas como a do Sempre de Samsung encorajam a troca.
Crescimento de dois dígitos
O mercado de celulares passa por um momento de estabilidade. Você acredita que a IA irá elevar as vendas ou que os esforços são no sentido de manter os patamares atuais?
Eu diria que o mercado oficial registrou desempenho positivo no ano passado. Nós deixamos de captar uma parte dos clientes que optou pelo mercado não oficial. Já o segmento premium. Ele não foi afetado pela condição macroeconômica.
Mas eu te perguntei se a meta é manter vendas estáveis ou crescer…
Crescimento, sem dúvida nenhuma. A Samsung projeta crescimento de dois dígitos.
Confira o Galaxy AI em ação no vídeo abaixo
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Fonte: Tecnoblog