Category: Demissões

Discord demite 170 funcionários e diz que empresa perdeu eficiência

Discord demite 170 funcionários e diz que empresa perdeu eficiência

Discord demitiu 17% do seu quadro de funcionários (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Na última quinta-feira (11), o Discord demitiu 17% do seu quadro de funcionários, um total de 170 pessoas. Em um comunicado enviado aos empregados, Jason Citron, CEO da plataforma, justifica que as demissões são resultados de contratações mais rápidas que o próprio crescimento da empresa. O motivo do layoff do Discord se assemelha ao ocorrido na Twitch um dia antes.

Na quarta-feira, a Twtich, que é de propriedade da Amazon, comunicou a demissão de 35% do seu quadro de funcionários — algo em torno de 500 pessoas. Dan Clancy, CEO da Twitch, disse que a decisão foi tomada porque o “quadro de funcionários é maior do que o tamanho do negócio da Twitch”. Ao compararmos a situação da Twitch e do Discord, além de semelhanças entre si, vemos que as duas estão passando por um cenário parecido com os das big techs entre 2022 e 2023.

A Twitch e o Discord, dois serviços com foco no público no gamer, tiveram um alto crescimento durante o início da pandemia de Covid-19. Com as pessoas se isolando em casa, assistir lives na Twitch e jogar em conjunto com os amigos no Discord virou parte da rotina de muita gente. Porém, com a melhora do cenário, o tempo de uso dessas plataformas acabou diminuindo e todas aquelas contratações para acompanhar o crescimento se mostram desnecessárias.

Com o retorno da vida social, usar o Discord para “rever” os amigos se tornou uma tarefa menos comum (Imagem: Ronaldo Gogoni/Tecnoblog)

Discord sente o que as big techs passaram em no último ano

No comunicado enviado aos funcionários, o CEO Jason Citron explica que o Discord cresceu rápido, mas a força de trabalho aumentou em cinco vezes desde 2020. Com isso, diz Citron, a plataforma começou mais projetos, só que a operação ficou menos eficiente.  

Assim como disse a Twitch na quarta-feira e as big techs entre 2022 e 2023, Citron ressalta que a decisão também foi tomada pensando no longo prazo. “Eu estou confiante que isso nos colocará na melhor posição para seguir construindo um negócio forte e lucrativo”, diz o CEO. Segundo uma fonte do The Verge, o Discord espera começar a dar lucros neste ano.

A situação do Discord e da Twitch levantam um questionamento: será que agora é a vez das empresas gamers passarem pela fase de layoffs?

Com informações: The Verge
Discord demite 170 funcionários e diz que empresa perdeu eficiência

Discord demite 170 funcionários e diz que empresa perdeu eficiência
Fonte: Tecnoblog

Spotify demitirá mais de 1.500 funcionários em terceiro layoff do ano

Spotify demitirá mais de 1.500 funcionários em terceiro layoff do ano

Spotify comunicou nova rodada de demissão nesta segunda-feira (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

O Spotify realizará mais uma demissão em massa neste ano — a terceira de 2023. Daniel Ek, CEO e fundador do serviço de streaming, divulgou o novo layoff nesta segunda-feira (4) em um email enviado para os seus funcionários e depois publicado no site do Spotify. É esperado que mais de 1.500 empregados sejam demitidos.

No comunicado, Ek revela que 17% dos funcionários serão desligados, até terça-feira, nesta leva de demissões. Podemos identificar o tempo dessa medida por uma parte do texto. O CEO do Spotify explica que o RH realizará reuniões com os empregados afetados até o fim do próximo dia.

Spotify alega economia lenta e aumento de custos

Mesmo com resultado positivo no último trimestre, Spotify realiza terceira demissão em massa no ano (Imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

Entre os motivos apresentados por Daniel Ek para a nova leva de demissões está um cenário de econômico mais lento e aumento dos custos — o que explica o aumento de preços nos planos. No comunicado, o CEO reconhece que um layoff de 17% após a divulgação do resultado positivo no último trimestre é uma surpresa.

Ek explica também as métricas mostram uma maior produtividade, mas que a empresa está menos eficiente. “Hoje ainda temos muitas pessoas se dedicando a suporte ao trabalho e até ajustando seus trabalhos ao invés de estar contribuindo com oportunidade de real impacto”, diz o CEO no comunicado.

Em janeiro, o Spotify demitiu 600 funcionários. Em junho, o streaming realizou um corte de 200 empregados na divisão de podcasts. Agora, com a nova leva de demissão, o quadro de funcionários sai de 9.241 (dados divulgados no último resultado trimestral) para pouco mais de 7.700.

O Tecnoblog entrou em contato com o Spotify para saber se o layoff afetará os quadros da empresa no Brasil. A matéria será atualizada se houver um pronunciamento da empresa.

Com informações: The Verge
Spotify demitirá mais de 1.500 funcionários em terceiro layoff do ano

Spotify demitirá mais de 1.500 funcionários em terceiro layoff do ano
Fonte: Tecnoblog

Como a euforia deu origem a uma onda de demissões

Como a euforia deu origem a uma onda de demissões

O aumento da taxa de juros americana reverbera com força no setor de tecnologia. A partir desse aumento, houve uma mudança nas expectativas dos investidores, que passaram a exigir um retorno maior sobre o capital investido.

A onda de demissões nas empresas de tecnologia parece não ter fim (Imagem: Vitor Pádua / Tecnoblog)

Nessa nova realidade, as empresas precisam cortar custos ao máximo. É nesse contexto que observamos o fenômeno das demissões em massa em startups e Big Techs, em curso desde 2022. O cenário é angustiante: o número de trabalhadores dispensados chega às centenas de milhares.

No entanto, a subida nos juros não pode ser colocada como a única causa das demissões. É preciso considerar o papel das próprias empresas, a maneira como se portaram nos anos de pandemia, quando a situação econômica era mais favorável.

A economia traz à superfície problemas que ficavam escondidos, ou que talvez nem eram vistos como problemas. E o problema trazido à luz neste momento é a empolgação excessiva. Isso fica evidente quando notamos que, entre as empresas que agora demitem, muitas vinham contratando vorazmente até bem pouco tempo.

“Não aconteceu da maneira que eu esperava”

Numa conjuntura de juros mais baixos, os investidores se mostravam mais dispostos a arriscar. Foi o que aconteceu em 2020 e 2021, quando os bolsos dos fundos de venture capital se abriram para financiar uma ampla gama de negócios na área de tecnologia.

Com muito dinheiro fluindo, as empresas puderam se aprimorar em diversas áreas, incluindo aí a aquisição de talentos. O trabalho remoto ajudou nesse ponto: era possível contratar profissionais dos mais diversos lugares do mundo.

Uma vez que o digital se tornou a regra à medida que a pandemia prosseguia, os negócios que operavam nessa lógica naturalmente tiveram procura maior. Dos streamings às fintechs, passando pelo comércio eletrônico, plataformas de cursos on-line e redes sociais: a alta demanda justificava a chegada de novos colaboradores.

Não é à toa que, nesse momento de layoffs, vários comunicados de empresas remetem a esse momento de crescimento. Sundar Pichai, CEO do Google, disse o seguinte no anúncio da demissão de 12 mil colaboradores, em janeiro:

Nos últimos dois anos, vimos períodos de crescimento dramático. Para acompanhar e alimentar esse crescimento, contratamos para uma realidade econômica diferente da que enfrentamos hoje.

CEO do Google, Sundar Pichai (Reprodução)

Essa “realidade econômica diferente” tem a ver com inflação, aumento nas taxas de juros (nos EUA e em outros países), corte de gastos por parte do público e a guerra na Ucrânia; enfim, um conjunto complexo de fatores. As empresas apostavam que o crescimento se manteria após a pandemia, mas o tempo mostrou que estavam erradas.

Mark Zuckergerg, CEO da Meta, explica a questão da seguinte forma:

No início da Covid, o mundo mudou rapidamente para o online e o aumento do comércio eletrônico levou a um crescimento descomunal da receita. Muitas pessoas previram que seria uma aceleração permanente que continuaria mesmo após o fim da pandemia. Eu também, então tomei a decisão de aumentar significativamente nossos investimentos. Infelizmente, isso não aconteceu da maneira que eu esperava.

Agora a prioridade é eficiência…

No Tecnocast 283, brincamos com a seguinte situação: você está à frente de um negócio, e alguém diz que tem R$ 10 milhões de bobeira que deseja investir na sua empresa. Quem é que vai responder não para essa proposta?

Segundo Rodrigo Fernandes, especialista em finanças para negócios digitais, o sim para os R$ 10 milhões, mesmo sem necessidade de toda essa grana, tem a ver com a própria dinâmica do venture capital. Empresas que receberam esse tipo de investimento precisavam mostrar que estavam dando algum fim para ele.

Contratações podem se inserir nesse exato contexto. Mas a pergunta que deveria estar sendo feita é: a empresa precisa de tantos novos funcionários? Ou, dito de outra forma: há, efetivamente, onde aproveitá-los?

Existe uma pressão, às vezes implícita, às vezes explícita, de que esse capital tem que ser aplicado em alguma coisa. E aí, muitas vezes, a contratação vem primeiro, depois vem o projeto, depois de ter a contratação da equipe e ter o projeto é que vai se analisar realmente a viabilidade e o retorno daquele projeto… Muitas vezes, na ânsia de mostrar serviço, de mostrar que as coisas estão acontecendo, mostrar uma sede bonita e cheia de gente, a gente não para pra fazer conta com cuidado.

Claro que é mais fácil perceber isso pouco mais de dois anos no futuro do que no momento em que o erro era cometido. Ainda assim, é um tanto surreal que esse processo tenha ocorrido em tantas empresas.

Mark Zuckerberg (imagem: Reprodução/Facebook)

Agora, passada a euforia, a prioridade é gastar com mais eficiência. Não é por coincidência, a palavra aparece várias vezes no comunicado de Zuckerberg – o mesmo que mudou o nome de sua empresa para perseguir a ideia de metaverso e investiu bilhões na mesma, sem nenhum resultado sólido até então.

Prioridades mudam, como se vê.

E, no fim das contas, a parte mais afetada são os milhares de funcionários dispensados. Alguns se mudaram de país para assumir novos cargos, e agora enfrentam o risco de perder o visto de trabalho. Em pouquíssimo tempo, a conta da euforia descontrolada e das contratações pouco cuidadosas chegou. E são pessoas.
Como a euforia deu origem a uma onda de demissões

Como a euforia deu origem a uma onda de demissões
Fonte: Tecnoblog