Category: África

Operadora quer construir “cabo submarino” em terra firme

Operadora quer construir “cabo submarino” em terra firme

Seacom avalia construir um “cabo submarino” em terra (ilustração: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Resumo

Seacom planeja construir um cabo submarino terrestre ligando Mombaça, no Quênia, à República Democrática do Congo.
A tecnologia de cabos submarinos não exige eletricidade contínua, facilitando a instalação em áreas remotas.
O projeto ainda está no papel e precisará lidar com desafios como terreno acidentado, instabilidade política e altos custos logísticos.

A operadora de telecomunicações Seacom, sediada nas Ilhas Maurício, avalia a viabilidade de um projeto curioso: construir um cabo “submarino” que não passa pelo fundo do mar, mas sim pelo interior do continente africano.

A ideia seria ligar o porto de Mombaça, no Quênia, ao pequeno trecho de costa atlântica da República Democrática do Congo, criando a primeira conexão direta entre as costas leste e oeste da África.

Ao The Register, o engenheiro sênior de transmissão da Seacom, Nic Breytenbach, concordou que o plano pode soar contraditório. Ainda assim, afirmou que cabos submarinos percorrem as costas leste e oeste da África, mas que nenhuma conexão única atravessa o continente.

Por que construir um “cabo submarino” em terra?

A tecnologia usada em cabos submarinos tem a vantagem de não exigir fontes de eletricidade contínuas ao longo de todo o percurso, graças aos amplificadores ópticos utilizados nesse tipo de infraestrutura — o que facilitaria a instalação mesmo em áreas remotas.

O principal obstáculo seria o terreno acidentado e a instabilidade política de vários países ao longo do trajeto, fatores que dificultam tanto a construção quanto a manutenção de cabos convencionais.

Além disso, a Seacom acredita que um cabo desse tipo seria menos vulnerável a furtos. Cabos terrestres são alvos frequentes de ataques devido ao cobre, mas os cabos ópticos submarinos utilizam alumínio para conduzir corrente elétrica, o que pode reduzir o interesse de ladrões. Breytenbach explicou que os cabos não contêm cobre e, portanto, não têm valor comercial para quem tenta roubá-los.

Projeto pode ligar África do leste ao oeste (imagem: reprodução/Telecom Review Africa)

É realmente viável?

Breytenbach mantém o otimismo. Ele cita como exemplo a existência de um cabo submarino instalado no Lago Tanganica, além de equipamentos reforçados vendidos pela Nokia que podem ser usados em ambientes extremos.

Além das negociações diplomáticas para assegurar o trajeto, outros obstáculos seriam os altos custos logísticos e a dificuldade de transporte do cabo, já que os navios usados para instalação marítima conseguem carregar centenas de quilômetros de material — algo difícil de reproduzir por terra. “Para ser sincero, estamos apenas explorando isso neste momento”, admitiu o engenheiro.

Enquanto o projeto continua em análise, a Seacom concentra esforços no Seacom 2.0, um novo cabo internacional que conectará a África à Europa, Índia e Singapura, passando pelo Mar Vermelho — região que sofreu interrupções devido a cortes em cabos.

Os problemas no Mar Vermelho seriam um dos motivos pelos quais a Seacom está avaliando a possibilidade de um cabo submarino atravessando a África. “Existem alguns desafios significativos”, afirmou o representante da operadora. “Mas realmente acreditamos que é viável.”
Operadora quer construir “cabo submarino” em terra firme

Operadora quer construir “cabo submarino” em terra firme
Fonte: Tecnoblog

Militares americanos divulgaram dados sensíveis por causa de erro de digitação

Militares americanos divulgaram dados sensíveis por causa de erro de digitação

Errar é humano, mas alguns erros têm um custo imensurável quando se trata de segurança nacional. Um exemplo disso são os milhares de emails do Exército dos Estados Unidos que foram enviados “para contas do Mali”, na África — tudo por causa de um único erro de digitação. Ao invés de digitar “.MIL” no destinatário, alguns membros das forças armadas dos EUA digitam “ML”, domínio do país africanos.

Militares americanos digitaram domínio errado na hora de enviar emails (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Para a sorte do Exército estadunidense, nenhuma informação classificada foi enviada nesses emails. O pior caso foi o compartilhamento dos detalhes de viagens de oficiais de alto escalão — e quem tem general, tem medo. Quem recebia esses e-mails é Johannes Zuurbier, empresário neerlandês (gentílico correto de quem nasce nos Países Baixos) contrato pelo governo do Mali para gerenciar o domínio “.ML”.

De acordo com o empresário, somente em janeiro ele recebeu 117.000 emails que deveriam ter o domínio “.MIL” inseridos em seu final. Além do itinerário de viagem de oficiais, um caso que chama a atenção é o de um email de um agente do FBI que queria informar sobre uma ação do grupo turco PKK (leia com atenção) para invadir escritórios da Turkish Airlines nos Estados Unidos.

Outras informações sensíveis envolvem identidades de militares, fotos de bases e inspeções em navios da marinha.

Enviando emails para nação aliada da Rússia, hackers do Kremlin nem têm trabalho (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Contrato de Zuurbier termina em breve e é risco para os Estados Unidos

Apesar do empresário estar desde 2013 recebendo esses emails (e avisando para as forças armadas estadunidenses), o risco desses envios errados será “ampliado” a partir da próxima segunda-feira, quando o contrato de Zuurbier com o governo Mali será encerrado.

Apesar de ser um país longe dos holofotes da mídia, o recebimento desses emails pelo Mali representa uma grande peça da geopolítica. O país africano é alinhado com a Rússia e possui tropas do grupo de segurança privada Wagner, que recentemente se envolveu em uma tentativa de golpe contra o ministério da defesa russo — mas ainda opera no Mali com apoio do Kremlin.

Com informações: Financial Times e TechSpot
Militares americanos divulgaram dados sensíveis por causa de erro de digitação

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Fonte: Tecnoblog